Ansiedade nas crianças e adolescentes – Parte I
ANSIEDADE NAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES – PARTE I
Podemos definir Ansiedade como um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto proveniente da antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho.
Há vários fatores que podem estar na origem das perturbações de ansiedade em crianças e adolescentes, fatores biológicos (genéticos e de temperamento), ambientais (contexto familiar) e individuais (experiências de vida, aprendizagem e cognitivos).
A ansiedade e o medo passam a ser reconhecidos como patológicos quando são exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo, e interferem com a qualidade de vida, o bem-estar emocional ou o desempenho diário das crianças e dos adolescentes.
ANSIEDADE DE DESEMPENHO
Ansiedade excessiva e frequente em situações em que o adolescente, ou a criança, está a ser avaliada e sente como sendo ameaçadora: testes, exames, apresentações de trabalhos, ir ao quadro, responder oralmente na sala de aula.
Esta situação influencia o pensamento acreditando que não tem capacidades cognitivas, antecipando que vai falhar e sobrevaloriza acontecimentos negativos.
ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO
O transtorno de ansiedade de separação caracteriza-se por ansiedade excessiva em relação ao afastamento dos pais ou cuidadores, não adequada ao nível de desenvolvimento, que persiste no mínimo, quatro semanas, causando sofrimento intenso e prejuízos significativos em diferentes áreas da vida da criança ou adolescente.
As crianças ou adolescentes, quando estão sozinhas, receiam que algo possa acontecer a si mesmo ou aos seus pais ou cuidadores, tais como acidentes, sequestro, assaltos ou doenças, que os separem definitivamente destes.
Como desfecho, demonstram um comportamento de apego excessivo aos cuidadores, não aprovam o afastamento destes ou telefonam-lhes frequentemente de forma a tranquilizar-se a respeito dos seus medos.
Em casa, para dormir precisam de companhia e resistem ao sono, que experienciam como separação ou perda de controlo. Com frequência mencionam pesadelos que versam sobre seus medos de separação.
Recusar ir para a escola também é comum. A criança deseja frequentar a escola, demonstra boa adaptação prévia, mas mostra intenso sofrimento quando necessita afastar-se de casa.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA
As crianças com transtorno de ansiedade generalizada, apresentam medo excessivo, preocupações ou sentimentos de pânico exagerados e irracionais a respeito de várias situações. Estão constantemente tensas e dão a impressão de que qualquer situação é ou pode ser provocatória de ansiedade.
São crianças que estão sempre muito preocupadas com o julgamento de terceiros em relação a seu desempenho em diferentes contextos, como o escolar, social e necessitam exageradamente que lhes renovem a confiança, que as tranquilizem.
Apresentam dificuldade em relaxar, queixas físicas (por exemplo, respiração acelerada, tensão muscular, coração acelerado, transpirar, corar, mãos a tremer), sem causa aparente e vigilância ampliada.
Tendem a ser crianças autoritárias quando se tenta tranquilizá-las.
Podem tornar-se crianças difíceis, com frequência mantêm o ambiente a seu redor tenso, provocam irritação nas pessoas de seu convívio familiar e escolar, sendo difícil acalmá-las e ter atividades rotineiras ou de lazer com elas.
A ansiedade também pode surgir sob diferentes formas como as fobias
Fobia é um medo excessivo e persistente relacionado com um determinado animal, objeto, atividade ou situação que apresenta pouco ou nenhum perigo real, mas que provoca ansiedade extrema.
Diante do estímulo fóbico, a criança procura correr para perto de um dos pais ou de alguém que a faça sentir-se protegida e pode apresentar reações de choro, desespero, imobilidade, agitação psicomotora ou até mesmo um ataque de pânico.
Os medos mais comuns na infância são de pequenos animais, injeções, escuridão, altura e ruídos intensos.
FOBIA SOCIAL
O medo persistente e intenso de situações onde a pessoa julga estar exposta à avaliação de outros, ou se comportar de maneira humilhante ou vergonhosa.
Crianças com fobia social relatam desconforto em falar na sala de aula, comer na cantina próximo de outras crianças, ir a festas, escrever no quadro da sala de aula na frente de outros colegas, usar casas de banho públicas, dirigir a palavra a figuras de autoridade como professores e treinadores, além de conversas/brincadeiras com outras crianças.
Nessas situações, frequentemente há a presença de sintomas físicos como: aumento do batimento cardíaco, diarreia, tremores, suores frios ou quentes enjoo, vómitos.
Dr. Licínio Ramos • Psicólogo