Hipnose Clínica

  • Saúde Mental   •  10 de Março, 2021

Hipnose Clínica

São muitas as pessoas que quando vêm ao meu consultório ainda chegam com alguma insegurança em relação aos benefícios da hipnose clínica como terapia alternativa e como tratamento eficaz e duradouro.

Algumas relatam que já viram vídeos, outras já leram, outras já ouviram alguém falar sobre os benefícios como método alternativo, mas, a grande maioria chega com as memórias da hipnose que viu na televisão, a Hipnose de palco; nesta, as pessoas são escolhidas previamente e só as que são mais suscetíveis à hipnose é que vão aparecer para o público.

É o tipo de Hipnose em que o Hipnotista (pessoa que pratica o hipnotismo, ou sono artificial provocado por sugestão em certas pessoas) e que normalmente diz: durma.

A Hipnose Clínica

A palavra hipnose vem de hipnos o deus grego do sono. É um estado alterado de consciência que é possível atingir de forma natural quando focamos a nossa atenção num estímulo interno ou externo.

A Hipnose Clínica é usada como técnica terapêutica, para ressignificar os problemas das pessoas. A Hipnose Clínica que eu pratico com base na Hipnose conversacional de Milton Erickson, tem várias influências: Terapia Cognitiva Comportamental; Psicologia Positiva; e a Meditação.

É uma terapia sob medida a cada paciente que Milton Erickson desenvolveu, não é um script (um conjunto de instruções para serem seguidas), ele via a hipnose como uma forma de estimular o subconsciente a corrigir as perturbações, recorrendo a metáforas, analogias e outros

recursos, fazendo com que o paciente encontre em si mesmo os recursos necessários para resolver os conflitos.

Nem sempre precisamos de recorrer ao transe Hipnótico, podemos trabalhar com uma hipnose conversacional, em que a Hipnose é o uso da linguagem para gerar uma nova realidade, é comunicação.

Mudando a crença muda a conceção e um novo propósito de vida é criado.

Não sou eu que hipnotiza a pessoa, a pessoa é que se hipnotiza através de mim.

Como sempre digo aos meus pacientes, não sou eu que os trato, são vocês que se tratam através de mim, eu guio, oriento, apoio para alcançar o objetivo pretendido.

Eu só hipnotizo as pessoas que se deixam e querem ser hipnotizadas, assim como só trato as pessoas que querem e se deixam tratar, as pessoas que querem continuar na zona do conforto, que querem ter o controlo. As pessoas que vêm ao consultório com a ideia de «deixa ver se ele me consegue hipnotizar», ou «deixa ver se ele me trata», não têm vontade de se curar nem de melhorar a sua vida.

Quando o terapeuta e o paciente caminham juntos, 50% de um e 50% de outro, a terapia flui e os resultados vão aparecer. É preciso que o paciente escute e aceite as sugestões que eu lhe dou.

As pessoas não nascem com ansiedade, com depressão, com fobia aos elevadores, não nascem com fobia de ratos, aranhas, de sapos, de andar de avião, não nasceram com crenças limitantes em relação à prosperidade, à redução de peso, que não são capaz de atingir os objetivos de vida, gagas, com traumas de infância, as pessoas não nascem com dificuldade em aceitar as pessoas como elas são. Então, todos estes problemas são imaginários, eles não existem, você não os encontra em sítio nenhum,  pega neles e trá-los consigo, são pensamentos auditivos, visuais e cinestésicos que ficam permanentemente a rodar e rodar na sua mente.

Quantas pessoas há que passados 20, 30 anos, ainda se levantam de manhã a pensar «porque é que eu não tomei aquela decisão», «e se eu tenho decidido isto, aquilo», «e se eu tenho aceitado aquela proposta de emprego», «porque eu não disse não em vez de dizer sim»….

Estamos a falar de memórias que não estão no passado, estão no presente porque você o que tem feito é trazer permanentemente essas memórias para o aqui e agora.

Muitos dos nossos problemas são ressignificados com o tempo, mas, há outros que ficam e persistem.

Por exemplo: tive um acidente com o carro numa ponte, nunca mais passei numa ponte; quando ia de elevador ele parou no meio da subida e nunca mais andei de elevador; atiraram para o meu colo uma barata e nunca mais pude ver baratas; tive dois relacionamentos que correram mal e nunca mais quero ter outro relacionamento. No fundo é uma relação de causa e efeito.

No meio de tudo isto, o melhor é que a nossa memória é totalmente influenciável, e sugestionável, então, podemos dar um novo sentido às nossas memórias, podemos resinifica-la (transformar um acontecimento

prejudicial numa aprendizagem, numa motivação, em algo positivo).

É aqui que a hipnoterapia tem um papel importante, quando colocada a pessoa num nível subconsciente onde essas memórias são geradas, podemos modifica-las.

As nossas memórias são como castelos de areia, parece sólido até vir a primeira onda do mar e desfazer tudo, já não é o mesmo castelo, já nem parece um castelo e é isso que fazemos com a hipnoterapia. Então, uma memória que estava ao nível do subconsciente, nós tornámo-la consciente de forma a entender o processo. É preciso interpretar a realidade de uma nova ótica.

Como sempre afirmo, para tudo existe uma solução, precisamos querer, acreditar e agir para a encontrar.

Dr. Licínio Ramos   •   Psicólogo

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